quarta-feira, 27 de junho de 2012

A máquina do tempo

Estou certa de que, neste exato momento, em algum cantinho deste mundão de meu Deus, há um cientistazinho, louco ou não, enfurnado dentro de um laboratório envolto por planilhas, gráficos, cálculos e experimentos, ansioso pelo momento em que o enigma seja por fim desvendado e a lâmpada imaginária - tal qual a do professor Pardal - se acenda em sua cabeça no momento em que emite um sonoro: "-Eureca! Inventei a máquina do tempo". 
Tema que já rendeu inspiração a tantos filmes,  histórias e contos, em que a algum afortunado é dada a chance de viajar através do tempo, seja para mudar algum acontecimento ou apenas para (re)vivenciá-lo, ou ainda, para ir até o futuro e ter o privilégio de antever o que nos espera.
Pois a quem dedica tanto estudo e pesquisa neste sonho de ser senhor de outras dimensões afirmo que a tal máquina do tempo já foi inventada e não há quem não possa tê-la ao alcance das mãos se assim o desejar. Trata-se de um equipamento de fácil manuseio e variados tamanhos e capacidades, há até a possibilidade de tê-la acoplada a outro invento espetacular chamado telefone celular. Sim, sim, a máquina do tempo anda por aí disfarçada de máquina fotográfica. Basta direcioná-la para o alvo e apenas um clique depois, pronto: o exato momento estará congelado para sempre. Não é fantástico? Daí, pode-se guardá-lo num cartão de memória, num arquivo de computador, num dispositivo móvel, ou melhor ainda, imprimi-lo em papel, no tamanho que melhor lhe aprouver, e carregá-lo por aí. Pode-se até levar outras pessoas nessa viagem sem que nenhum custo seja acrescentado. 
E que atire a primeira pedra aquele que nunca fixou o olhar em uma fotografia e, simplesmente, viajou no tempo, reviveu aquele dia, aquele segundo, fechou os olhos e escutou novamente o som daquele momento, sentiu novamente o cheiro, reviu as cores e sabores. Como poderíamos nos ver quando crianças? Ou conhecer nossos antepassados que já se foram antes que chegassemos? Como poderíamos nos rever naquela festa de aniversário, naquelas férias de verão, naquela viagem inesquecível? Como poderia ser possível ver como as coisas eram antigamente, as cidades, os carros, os objetos, as pessoas? 
Olhar uma fotografia é dar um pulinho lá no passado, é reviver o que foi bom, é poder estar perto de quem está longe, é matar a saudade de quem já se foi, é se pegar sorrindo lembrando de momentos bons ou até se permitir entristecer sabendo que o tempo, ah, esse não volta! Voltamos nós nas lembranças. Fotografia é lembrança carimbada no papel, é eternizar a vida, é ter a certeza de que o que se viveu foi real, de que estávamos lá.
Pois bem, não sei se o tal afortunado que sonha com uma viagem no tempo de fato é tão afortunado assim. O que faria ao se ver diante de si mesmo sendo naquele instante já tão diferente daquele 'eu' que ficou lá atrás? E que graça teria adiantar-se no amanhã? Que seria das surpresas trazidas pela vida? Valeria à pena mudar o que quer que seja? Creio que não. O que nos tornamos é resultado de cada pequena experiência vivida, boa ou má. Prefiro acreditar que o bom é viver o agora, sabendo o que passou e sorrindo para o que virá.

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