terça-feira, 27 de setembro de 2011

Para você.

No dia em que você chegou
com aquele sorriso
aquele abraço
aquele beijo 
aquele cheiro
aquela hora se tornou perfeita
Uma vida inteira a esperar
nada mais tive a desejar
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Tudo se preencheu
Tudo se completou
Passei a viver assim
com aquele sorriso nos lábios
como quem olha o mar
e sente tudo se completar na imensidão
Sentindo os pés saindo do chão
no doce embalo da canção
¨
Para você guardei os meus melhores momentos
e o maior dos meus sentimentos
Aquele que só descobri quando estava nos seus braços
e a minha vida que a cada instante se faz de nós.
¬ ¬ ¬

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Desabafo.

Com frequência tenho sentido uma profunda dor no peito, uma grande indignação cada vez que presencio mãos postas nas janelas dos carros pedindo ajuda, mendigando um trocado, um pedaço de pão, pedindo socorro. Me pergunto se os governantes do nosso belo (e paradisíaco?) Município, do nosso sofrido Estado, do nosso tão rico País, não olham através das janelas de seus carros, se não vêem o desespero e a desesperança nos olhos de quem vive a vagar pelas ruas, sem rumo, sem ter um lugar para ficar, sem ter para onde voltar. Crianças de olhar perdido, desnutridas, barrigudas, já com tantas cicatrizes no corpo e na alma, entorpecidas por uma droga qualquer que lhes faça esquecer da fome, do abandono. Como não se solidarizar com a dor alheia? Como imaginar que voltaremos para uma casa de mesa farta e geladeira cheia, que teremos uma cama quente no final do dia e não pensar naqueles que ficaram do lado de fora privados de qualquer coisa que acalente, sem sentir um nó na garganta e o estômago revirado? Que culpa têm de terem nascido sem teto, sem espectativa? Mais uma vez me questiono se os senhores vereadores, deputados, chefes do Executivo, ao ter conhecimento e quem sabe até participação em desvios de verbas públicas, superfaturamento de obras, fraude à licitações, benesses e tantos outros favorecimentos gerados pelos cargos que ocupam não se sentem, nem que seja lá no fundo, mas lá no fundo mesmo de suas consciências, por uma fração de segundo, culpados por suas ações criminosas, por suas omissões escandalosas. De que matéria é feita esses homens que só pensam em ter mais, em ganhar mais, e só se esforçam para descobrir uma nova e impune forma de saquear os cofres públicos? E não importa o tamanho do prejuízo que geram, roubar pouco não significa que não é roubo, tirar o que é do outro é grave de qualquer maneira. Político que desvia verba da infra-estrutura não é menos ladrão que o assaltante de banco, político que desvia verba da saúde não é menos assassino que aquele que comete homicídio, político que desvia verba da educação não é menos culpado que aquele que abandona um incapaz, político que se utiliza do dinheiro público para se favorecer não é menos bandido que o estelionatário. Político corrupto é criminoso da mesma forma que todos aqueles os que cometem outros tipos de crime são, com o especial agravante de que sua conduta atinge centenas, milhares de pessoas! Porque cada vez que esses gestores da coisa pública atuam ou se omitem nesse sentido, é como se tirassem a comida do prato de uma família, como se negassem a chance de cura e o fim da dor daqueles que padecem de uma enfermidade sustentando-se (só Deus sabe com que forças) numa fila de um posto de saúde, no chão gelado de um corredor de hospital. É como tirar um lápis e uma cartilha das mãos de uma criança que jamais aprenderá o básico da educação que é ler e escrever. E talvez esse seja o pior do males, a ignorância. A ignorância também é uma forma de miséria, a raiz de todas as outras! O ignorante é feito de carência, conformismo e medo. Aos politiqueiros interessa manter as classes desfavorecidas desprovidas de educação e conhecimento, assim vão garantido o domínio de suas ideias. Privam o povo de saber de seus direitos e fazem com que este nem imagine que aqueles "doutores" de quem recebem um favor, um calçado ou um trocado no dia da eleição têm por DEVER (sim, DEVER!) atuar em favor do povo, e apenas do povo, garantindo-lhe o mínimo de dignidade! E dignidade é um prato (cheio) na mesa, é ter um médico que ouça e trate de suas dores, é ter um teto que abrigue quando a chuva chegar, é rua saneada e limpa, é segurança no caminho de casa, é criança na escola com carteira para sentar, livro para ler e professor para ensinar, é trabalho que garanta o pão de cada dia. Dignidade é esperança! Sofro pelos meus irmãos desesperançados, sofridos e enganados por quem lhes devia dar segurança e esperança... e rezo, rezo com todas as forças para que um dia eu possa olhar pela janela do meu carro e ver um mundo melhor.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Importar(-se).

Enganam-se redondamente aqueles que pensam que o verbo amar cabe em si próprio e se traduz em si mesmo, que o amor se basta ou se define sozinho. O verbo amar só consegue traduzir-se completamente no verbo importar(-se). Porque aquele que ama simplesmente se importa. Se importa se o outro está bem, se interessa pelas coisas que fez ou deixou de fazer, tudo o que é relacionado com o ser amado é importante, é interessante, é relevante. Se não há presença constante, chamadas telefônicas incessantes, se não há mensagens ou sinais de fumaça que indiquem esse interesse, certamente o amor não está ali. Quem ama, sempre encontra um jeito de se fazer presente, ainda que num deserto ou em mar aberto, aquele que ama encontrará um pombo-correio desavisado que seja, saído dos contos de fadas talvez e enviará o seu recado. O amor gera uma busca natural pelo outro, uma necessidade de compartilhar universos, espaços e verbos.
Ao contrário do que se pensa, o oposto do amor não é ódio, o oposto do amor é a indiferença. Porque até no ódio há sentimento, há paixão, há revirar de estômago, há interferência no universo do outro. Na indiferença não há nada, nem sequer a longíngua lembrança de que o outro existe, apenas o vazio que nem se percebe. A indiferença é a ausência total de sentimentos, bons ou maus. E é exatamente esse vazio que mais costuma doer, o não saber. Perceber que o outro simplesmente 'não se importa' e nem sequer lembra mais de ti. Sabe-se que o outro deixou de amar quando a voz se cala, quando as discussões cessam e deixam apenas o silêncio em seu lugar, quando as tentativas de entendimento tornam-se cansativas, quando a companhia se torna tediosa, quando a presença se torna ausente. Nesse momento, resta deixar o barco partir, curar a alma e aguardar que outro possa aportar.

sábado, 10 de setembro de 2011

A culpa que nos condena é a mesma que nos redime!

Uma ação impensada, uma omissão velada, uma palavra dita, um pensamento torto e pronto... a culpa pode encontrar a porta aberta e sentar-se no sofá. Martirizados por esse suplício, muitos se vêem atormentados por fantasmas imaginários. Muito mais do que a dor física, o tormento moral causa infinitamente mais aflição. Porque para este, os anestésicos não costumam surtir qualquer efeito. Quantos enlouquecem atordoados por pensamentos sobre coisas malfeitas que jamais poderão ser refeitas! Ah, a culpa, a culpa! Esse bichinho inquieto que rói e destrói. Destrói a alma e esfrangalha os nervos.
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O sentimento de culpa, quando sincero, costuma gerar tanto desconforto que padecimento nenhum no mundo poderia ser comparado. Nenhum castigo é tão doído e tão eficaz para o aprendizado humano quanto a culpa "martelando" os pensamentos, a vontade de voltar o tempo e fazer diferente.
E de tanto sofrer, de tanto remoer, de tanto padecer, somos abençoados pelo tempo e acabamos perdoados. Perdoados no fundo da alma, no fundo do coração. Entendemos que o feito está feito e ponto final. Tudo o que acontece tem a sua razão de ser. Não há ato malfeito que não sirva para algo, nem que seja para nos ensinar a nunca mais repetí-lo. E assim, prometendo jamais praticar tal ação, tal pensamento, tal omissão, todas as juras são feitas (e cumpridas) para que essa dor não volte e esse padecimento não se repita jamais.
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Ao mesmo tempo, a culpa que nos condena é a mesma que nos redime.
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