sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Amor que não se define

Um sonho sonhado, um momento esperado, uma realidade de repente confirmada. Por mais que se imagine o momento em que um filho irá chegar, só quem abre apressadamente aquele envelope que diz o tudo ou o nada pode entender o volume de emoções que inunda esse instante. E embora seja difícil à razão entender e fazer acreditar que realmente há algo crescendo no ventre que externamente parece igual, o coração apenas confirma o que já sabia, o que já sentia.
E então vem a alegria, a surpresa, as dúvidas, a sensação de ter recebido uma benção direto do céu, e também o medo de se imaginar capaz ou não de cumprir mais essa fase da jornada da vida.
Me acreditei mãe no exato momento em que ouvi o seu coraçãozinho bater, tão pequenino e tão apressado, como que na urgência da vida. Me apaixonei quase que num susto no momento em que ouvi o seu coração bater dentro de mim, foi sonho magicamente transformado em realidade diante dos meus ouvidos, diante dos meus olhos, diante do meu coração. 
Hoje, sua presença é visível no barrigão que me orgulho de exibir, troquei minha vaidade pela preocupação com o seu desenvolvimento. Seu toque é palpável nos movimentos e chutezinhos que me confirmam a cada momento que você está aqui, nossos sangues bombeiam juntos como que no embalo de um só coração. Não vejo a hora de olhar o rostinho que aprendi reconhecer nas manchas do ultrassom, mal posso esperar pelo momento em que te embalarei nos meus braços e te acalmarei com uma canção. Mil beijos esperam pelos seus pezinhos e por cada pedacinho de você, meu pequenininho por quem já sinto um amor sem fim.
Desde que sua existência se tornou verdade em minha vida, minhas preocupações já deixaram de ser minhas, minhas orações já deixaram de pedir por mim, meus olhos só veem o que lembra você, meus sonhos já passaram a ser somente seus. Minha saúde agora é a sua, meus planos agora são para você, minha fé agora só pede pela sua perfeição, pela sua felicidade, pela sua vida inteira. 

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

O que realmente importa...

Ontem nos chegou a notícia de que os restos mortais do Rei Ricardo III foram encontrados embaixo de um estacionamento em algum lugar da Inglaterra... sem pompas, sem genuflexões, sem reverências, aquele que foi considerado como o mais cruel dos monarcas, que foi digno de ter sua vida retratada em uma das famosas peças de William Shakespeare, simplesmente ali jazia como um simples mortal. Um rei como os reis que já foram considerados como escolhidos de Deus para reinar sobre a terra, um rei como reis que muitas vezes já se colocaram acima de Deus, um rei como reis a quem tudo era permitido, um rei como reis que sempre terminaram suas histórias como qualquer um, com o corpo se decompondo sob a terra que pisaram igualmente ao mais humilde súdito.
Na hora derradeira não existem coroas, não existe cetro, não existe hierarquia, não existe sangue real... a derradeira hora leva toda carne ao mesmo fim, "do pó vieste e ao pó retornarás". A única grandeza que interessará será a da alma, a única elevação que se permitirá será a do espírito, os únicos bens que serão contabilizados serão aqueles que não podem ser vistos com os olhos do corpo. Todo o ouro ficará, castelos não nos acompanharão. Priorizemos então o que fortalece a alma, o que acalenta o coração, juntemos os tesouros invisíveis. Após o pó só restará a memória, só subsistirá ao nosso corpo a história que fizemos, os caminhos pelos quais passamos, o bem ou o mal que praticamos. Só levaremos conosco as lembranças, os abraços que demos, as mãos que estendemos, os sorrisos que compartilhamos, os olhares que trocamos, o amor que dedicamos. 
Sejamos então luz, pois não serão os títulos que carregamos, nem as riquezas materiais que possuímos, nem os castelos que habitamos que importarão após nossa partida, a única coisa que importará será os corações que deixamos iluminados enquanto estivemos aqui.