sábado, 5 de novembro de 2011

E se...?

Nesta última semana tive a oportunidade de assistir ao filme "O Palhaço", a mais recente estreia do cinema brasileiro. O filme é dirigido e protagonizado por Selton Mello e conta com o peso do talento de Paulo José em seu elenco. A história se passa no interior de Minas Gerais e conta a rotina de um circo modesto que viaja por pequenas cidades. Selton Mello vive Pangaré, palhaço que faz dupla com seu pai e dono do circo, Puro Sangue, interpretado por Paulo José. Pangaré é um palhaço que faz toda a platéia rir com suas divertidas piadas, mas fora do picadeiro é uma pessoa profundamente triste. Totalmente desmotivado com a vida e com sua profissão, de certa forma herança de seu pai dada pela vida, Pangaré parece não se encaixar no universo circense em que vive, fazendo do seu ofício uma penosa obrigação. Algo parece lhe faltar levando-o a se sentir sufocado, algo que nem mesmo ele consegue definir ou identificar. Cansado de uma vida que julga não ter sentido, Pangaré resolve abandonar a família e o ofício que a vida lhe reservou e parte pelo mundo em busca de um futuro diferente onde possa, quem sabe, encontrar a felicidade.  

Bom, o filme me fez pensar em quantas vezes nos questionamos se estamos felizes no caminho que seguimos ou que nos levaram a seguir. Quem nunca olhou para o passado se perguntando onde estaria agora se tivesse escolhido um caminho diferente, se tivesse dito sim ao invés de não, ou não ao invés de sim, se tivesse escolhido uma profissão diferente, se tivesse ido morar numa cidade diferente, se tivesse decidido dividir a vida com uma pessoa diferente, se... se... se... Quantos "se's" vamos colecionando ao longo da vida?

Em sua jornada longe do circo (que não dura muito), Pangaré termina por descobrir que o circo é o que lhe faz feliz, que a profissão de palhaço o completa, e volta para o lado de seu pai nos espetáculos. Mas apesar de voltar para a mesma vida que tinha antes, Pangaré é uma pessoa totalmente diferente, pois tem a certeza que ali é exatamente o lugar onde ele quer estar e essa certeza o torna, enfim, feliz!

Assim é a nossa vida. Muitas vezes achamos que não temos o suficiente, nos lamentamos pelas escolhas feitas acreditando que algo extraordinário nos aguardava e deixamos passar. No mais das vezes, não percebemos a riqueza que há ao nosso redor, pois nossas escolhas foram o que o nosso coração pediu naquele momento e nos levaram para onde deveríamos ir, nos fazendo ser quem somos hoje, e isso não há como mudar. Todo questionamento sobre o que quer que seja é válido e toda tentativa de buscar alcançar algo que supomos ser o melhor para nós é louvável, afinal, é a busca pela felicidade que faz o mundo girar. Nunca é tarde para recomeçar, para trilhar um caminho diferente. Nunca é tarde para lutar pelo que nos complete, pelo que nos satisfaça, pelo que nos faça felizes. Do mesmo modo que nunca é tarde para descobrir "um tesouro embaixo do próprio assoalho". Se pudessemos olhar a nossa própria vida do lado de fora certamente nos espantaríamos ao perceber que já temos tudo o que precisamos, que não há nenhum outro lugar no mundo onde gostaríamos de estar nesse momento e perceberíamos que de tanto pensar em "SE's" acabamos por deixar de conjugar os melhores verbos...

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Um comentário:

Anônimo disse...

Adorei seu ponto de vista, como sempre aliás! kkkk.. Yasmin Pimentel.